quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Crônica da despedida

Amanheci bem disposto. Nas últimas semanas estava me sentindo bem. Perdi 7 quilos em pouco mais de um mês. Que grande presente já que este ano completo 30 anos. Sempre achei esta idade mistica: não sou mais um adolescente nem jovem, agora sou adulto. É um momento de reflexão: que rumos tomar daqui para frente. Pensar nas conquistas e esquecer ou relembrar as coisas ruins para não se repetirem. Bem, mas voltando. tomei meu café da manhã, li o jornal, beijei minha filha que saiu para escola e depois sai para minha consulta médica. Fui o primeiro a chegar no consultório. A recepcionista me atendeu e em seguida mandou entrar. Disse bom dia Doutor. O médico me elogiou pela minha alegria. Disse que estava me sentindo ótimo. Então entreguei os resultados dos exames. Ele olhou, riscou algumas coisas e respondeu: no geral você está bem: glicose normal, colesterol e trigliceridios muito bons. Mas os resultados da TGP, TGO, Gama Gt e bilirrubina estão alterados. Isto significa uma lesão no fígado.
Minha mente entrou em parafuso. Lesão? como assim? Estou bem. Ou não? Parece que não. O doutor continuou. Vou pedir exames complementares para saber exatamente do que se trata e iniciar imediatamente o tratamento. Meu cérebro esvaziou. Não consegui pensar em mais nada. Recuperado e tomando pé da situação me dei conta que esta poderia estar sendo uma despedida. A pergunta entrou como um rompante no pensamento, mas eu não estava com coragem para realiza-la. Tinha medo da resposta do Doutor. Finalmente dei vazão e soltei logo na bucha:
- Doutor me responda com toda sinceridade:eu vou poder beber?
Sem nem ao menos fazer rodeios o médico disse categoricamente: Ou você para de beber ou você vai parar de viver. Mais direto impossível.
Depois de tantos anos juntos, com muitas historias para contar com tantas lágrimas e alegrias compartilhadas chegou o momento: Adeus, Brahma sempre disposta ouvir minhas angustias. Adeus Antarctica, a BOA que compartilhou muitas alegrias. Adeus Cerpa a malvada que me deixou muitas dores de cabeça. Adeus Schin, minha fiel companheira. E Adeus a minha mais nova amiga, a devassa que até virou a cabeça da doce Sandi. Um Adeus também para as companheiras que mesmo desprezadas porque sempre eram minhas ultimas escolhas, só quando realmente não havia outra: skol, bavaria, itaipava, caracu, primus, glacial.
Adeus.